Jim Parsons revelou por qual motivo ele não conseguiu mais continuar com The Big Bang Theory
By Andrea Marchiano
Quando Jim Parsons decidiu abandonar The Big Bang Theory foi uma surpresa e tanto, não é mesmo? Aliás, não parece ter sido uma decisão fácil de tomar. Ainda mais porque essa escolha deixou seus colegas de elenco aos prantos e a equipe sem emprego fixo. Então, a razão por trás disso com certeza era algo grande. Poderia ter sido por causa de uma cena difícil? Ou foi por uma rixa com alguém do elenco? Para a felicidades dos fãs, Parsons contou tudo.
A verdade é que aquela decisão foi inesperada até para Parsons. Afinal, na época em que ele desistiu da série, The Big Bang Theory ainda estava com altos índices de audiência e não era como se ele estivesse recebendo pouco para interpretar Sheldon.
Ao que parece, Parsons chegou a ganhar um milhão de dólares por episódio. Dinheiro demais! No entanto, apesar de todo o seu sucesso com The Big Bang Theory, o ator foi o único a deixar o programa. Porém, por que exatamente ele fez isso?
Bem, não foi fácil para Parsons fazer aquela escolha, até porque o roteiro piloto da sitcom mudou toda sua vida. Assim que leu, ele sentiu que o papel de Sheldon Cooper combinaria quase que perfeitamente com ele devido aos diálogos. Isso deu ao ator a chance de "dançar através" de suas palavras, como disse ao Houston Chronicle.
"Quando eu li [o roteiro de] Big Bang, eu senti que era mesmo especial para mim", comentou Parsons à Variety em 2016. Contudo, ele subestimou o sucesso da série. "Eu definitivamente não vou me atrever a dizer que pensava que seria uma produção de sucesso", confessou ele nessa mesma entrevista. Entretanto, foi - e Parsons fez uma fortuna.
O ator, todavia, não subestimou o fato de ter sido atraído na hora pelo papel de Sheldon. "Eu sei que estava sendo apresentado a um personagem que era, a sua estranha maneira, realmente ideal; que eu achei que pudesse fazer", admitiu ele à Variety. Inclusive, ele não era o único a pensar isso: o criador do programa, Chuck Lorre, também aprovava. Foi desse jeito que essa bela parceria teve início.
Pois é, Parsons conseguiu o papel de Sheldon Cooper - um brilhante físico teórico com um QI de gênio, mas com algumas notáveis falhas. Essas imperfeições, a propósito, foram parte do motivo pelo qual Sheldon se tornou o maior sucesso de The Big Bang Theory quando a sitcom estreou em setembro de 2007. Enfim, isso acabou fazendo de Parsons uma das poucas pessoas que poderia de fato impedir que a série prosseguisse.
Apenas alguns indivíduos enquadravam-se nesse grupo. Um, óbvio, era o criador do programa Lorre e os outros dois eram Johnny Galecki e Kaley Cuoco. Galecki interpretou o colega de quarto de Sheldon e também físico, Leonard Hofstadter. Já Cuoco atuava como a vizinha de Sheldon e Leonard, uma garçonete que sonhava em fazer sucesso em Hollywood, conhecida simplesmente como Penny. No entanto, foi Parsons quem colocou um ponto final na sitcom.
Bem, embora todos amassem o personagem de Parsons, levou alguns anos até que The Big Bang Theory realmente decolasse. Ao que parece, a CBS reprogramou a série para que fosse ao ar na quinta-feira ao invés de segunda-feira à noite, fazendo com que se transformasse, portanto, na comédia de maior audiência da TV. Desse modo, a alteração no horário ajudou a aumentar a audiência, assim como a distribuição do programa em outras redes.
Com uma média de 15 a 20 milhões de pessoas assistindo à sitcom da 4ª a 12ª temporada, The Big Bang Theory tornou-se uma das produções mais populares da TV. Tanto que a série teve os maiores índices de audiência de todos e Parsons foi devidamente recompensado ao levar quatro Emmys de Melhor Ator em Série de Comédia. Após isso, tudo acabou.
Depois de 12 temporadas - ainda com milhões assistindo a cada episódio -, The Big Bang Theory finalmente chegou ao fim. Antes da estreia da 12ª temporada, em setembro de 2018, o criador Lorre declarou: "Nós somos bastante gratos pelo sucesso do programa e queremos que a última temporada tenha um encerramento épico e criativo".
Logo, o capítulo final da sitcom foi exibido em duas partes em maio de 2019. As últimas cenas de The Big Bang Theory apresentam o satisfatório auge da carreira de Sheldon, que ele alcança ao lado de sua esposa, a neurocientista Amy Farrah Fowler. Ao serem notificados de que haviam ganhado o Prêmio Nobel de Física por suas contribuições ao campo da superassimetria, o casal segue para a Suécia com seus amigos para receber o prêmio.
Contudo, o característico egocentrismo de Sheldon é maior que ele na viagem. No caminho para a Suécia, ele percebe que sua amiga Penny passou mal no banheiro durante todo o voo. Então, quando Sheldon começa a achar que ela está doente - e que passará a doença para ele -, Penny revela um segredo para acalmá-lo.
Penny diz a Sheldon que ela e Leonard estão esperando um bebê - e é por isso que ela não está bem. Entretanto, ao invés de demonstrar qualquer entusiasmo, o físico exibe somente alívio por não existir a possibilidade de contrair a doença dela. Quando Leonard o questiona sobre sua reação, Sheldon pergunta se a gravidez conta como algo para celebrar, visto que Penny havia dito uma vez que não queria ter filhos.
De qualquer maneira, eles mal chegam na Suécia e Penny e Leonard já querem ir embora. Howard e sua esposa, Bernadette, também, pois estavam preocupados com seus filhos em casa. Sheldon, claro, dá conta de fazer um insensível comentário acerca disso. Acaba que Amy atinge seu limite e diz o quanto ele magoa a todos com suas egoístas e frias atitudes.
O comentário surpreende Sheldon, o qual realmente não fazia ideia de que estava ferindo os sentimentos de seus amigos. Desse modo, chega a hora de ele e Amy receberem o Prêmio Nobel. No palco, ele aproveita e faz um discurso voltado não para suas próprias conquistas, mas sim para agradecer, por fim, aos seus amigos por tudo o que fizeram por ele.
Os críticos, por sua vez, reagiram positivamente ao final da sitcom. Em maio de 2019, Kim Potts escreveu para Vulture: "É um fim organizado e adequado ao arco emocional do grupo principal - e da série -, cercado pela graça de The Big Bang Theory, a qual deu ao programa um satisfatório final".
Para muitos, todavia, a transformação de Sheldon foi o que mais causou impacto. Em maio de 2019, Brian Lowry escreveu à CNN: "[Sua] homenagem final a seus amigos mostrou como, em sua forma pouco convencional, ele obviamente os apreciava. Do mesmo jeito [que] ele superou seu egoísmo para entrar em um relacionamento com Amy, que ninguém imaginou quando a série teve início".
Já os fãs sentiram que a conclusão da sitcom foi adorável. Alguém escreveu no Twitter: "Que final mais comovente, franco e dramático o de The Big Bang Theory. Adorei cada minuto do episódio. Vou sentir falta demais desse programa. Gratidão pelos últimos 12 anos". Outra pessoa declarou: "Adorei o final. Será sempre uma das melhores séries que assisti".
O próprio Parsons compartilhou o que achava do final por meio de sua conta no Instagram. Ao postar uma foto da porta do apartamento que seu personagem compartilhou com Leonard, Parsons escreveu na legenda: "É difícil encontrar palavras para expressar o quão intensa esta experiência tem sido. No entanto, [o que] vêm à mente [são] as palavras 'amor' e 'gratidão'... Portanto, amor e gratidão a todos vocês".
Assim, levando isso em consideração, pode parecer estranho saber que The Big Bang Theory acabou por causa de Parsons. Na verdade, como o ator revelou à The Hollywood Reporter em maio de 2019, tudo se resumiu a um único pensamento. Ele explicou: "Foi a primeira vez na minha vida fazendo esse programa que pensei que eu não gostaria de renovar o contrato depois que a 12ª [temporada] terminasse".
Parsons continuou: "Não sei se é porque sou ariano ou apenas porque estou conectado comigo mesmo. Seja o que for, uma vez que tive esse pensamento, eu fiquei: 'Bem, esta é a resposta'". Aliás, o ator contou que nada havia acontecido para fazê-lo chegar especificamente àquela conclusão. Ele acrescentou: "Não teve nenhuma situação que me fez pensar: 'Nossa, já estou farto disso'".
Para Parsons, a decisão foi muito simples. Ao The Hollywood Reporter, ele explicou: "Foi só [uma questão de]... quando você sabe, você sabe". O ator prosseguiu: "Você é vulnerável e impulsionado por aí pelos caprichos de sua própria existência. Chegando a uma certa idade, a vida muda... De repente, você simplesmente pensa diferente". Porém, era mesmo só isso?
Parsons afirmava que sim. "Tem sido interessante pensar a respeito de quem eu era [em 2007]", expôs ele. "Mas é como se eu não fosse a mesma pessoa de antes. Parece que realmente ficou mais difícil de certo modo. Eu não sei o que isto significa, contudo, é como se eu simplesmente tivesse mudado". Pois é, será que os colegas de elenco de Parsons concordaram com essa explicação?
De qualquer maneira, logo que o criador da sitcom, Lorre, ouviu sobre os planos de Parsons, ele soube que The Big Bang Theory não poderia mais continuar. À The Hollywood Reporter, Lorre relatou: "Não conseguia entrar na minha cabeça a ideia de continuar sem todo o grupo. Aquelas pessoas todas eram a razão pela qual tivemos sucesso. Separar e reaproximar, como uma fração do que era, nunca me pareceu certo".
Por sinal, Parsons e vários de seus colegas de elenco sabiam que The Big Bang Theory era de fato especial, tanto que nenhum deles conseguia prever se uma outra série iria tão longe. O ator de Sheldon disse: "Não acho que seja provável. Tudo está mudando tanto, é realmente difícil de imaginar isso".
Entretanto, Parsons explicou que também não havia colocado muita fé em The Big Bang Theory no início. Ele revelou ao The Hollywood Reporter: "Quando fomos ao ar pela primeira vez em 2007, [o método de] câmera única era uma tendência. Até ficamos [preocupados] em nosso set, porque tudo o que todos queriam [na época] era [gravar com] câmera única. Dentro de alguns anos, todavia, tornou-se claro que não só existiríamos e prosperaríamos, como também que de repente haviam mais [programas] sendo feitos com multicâmera de novo".
Então, Parsons concluiu que não há como saber o que acontecerá futuramente na TV. Ele continuou: "Este ramo é frustrante e lindo ao mesmo tempo porque está sempre agindo de forma inesperada... A lógica aponta: 'Não, não haverá outra série como essa'. No entanto, viver nesse meio mostra que a gente não sabe de nada".
Parsons, ao final, só pôde apreciar o que havia conseguido em The Big Bang Theory. Durante a trajetória da sitcom, além do ator conquistar prêmios e construir uma grande carreira, ele também prosperou em sua vida pessoal. Afinal, em maio de 2017, Parsons casou-se com seu parceiro de longa data, o diretor de arte Todd Spiewak.
Por isso, ele comentou que sua vida reproduziu o arco de seu personagem Sheldon. Ambos tiveram pouco sucesso no início de suas carreiras somente para alcançar um grande reconhecimento mais tarde. Para começar, o futuro astro aparentemente esteve nos palcos desde novinho.
Após se apresentar na peça The Elephant’s Child em sua escola aos seis anos, o pequeno decidiu que seria ator. Inclusive, algumas séries de TV influenciaram a comédia de Parsons, como Um é Pouco, Dois é Bom e Três é Demais e The Cosby Show. Porém, demorou bastante até ele entrar, de fato, nesse ramo.
Primeiro, Parsons foi para a Universidade de Houston, onde atuou em 17 espetáculos ao longo de três anos. Em seguida, o jovem fez seu mestrado na Universidade de San Diego, participando lá de um programa de teatro clássico. Assim, tudo isso o preparou para o que estava por vir.
No início, contudo, sua carreira consistia em pequenas participações em séries de TV, comerciais e peças fora da Broadway. De todo jeito, o jovem ator estava ansioso por mais. Portanto, Parsons participou de umas 30 audições - mas, ainda que fosse escalado, os roteiros pilotos nunca eram escolhidos por uma emissora. Tudo mudou, claro, com The Big Bang Theory. Desse modo, o que veio a seguir?
Parsons tem atuado como produtor executivo da série de TV Young Sheldon desde sua estreia em 2017. Além disso, faz sentido Parsons participar dessa produção, pois ele detalha a infância de seu personagem de The Big Bang Theory, que ali é um gênio de nove anos cursando o ensino médio.
A propósito, Parsons desempenha um outro papel em Young Sheldon; ele narra o programa como o Sheldon mais velho, o qual se encontra refletindo acerca de sua infância. Ao que parece, suas funções na produção irão mantê-lo ocupado até pelo menos 2024. Isso porque, em março de 2021, a emissora renovou Young Sheldon para mais três temporadas.
Parsons também trabalhou como produtor executivo de uma série da Netflix chamada Special. O programa é estrelado por Ryan O'Connell como Ryan Hayes - um jovem gay com paralisia cerebral que deixa para trás os tempos de isolamento na busca da vida que sempre quis. Apesar de Special ter sido uma produção elogiada, sua segunda e última temporada foi lançada em 2021.
Aliás, não foi nenhuma surpresa Parsons ter continuado a atuar, mesmo que não fosse mais no papel de Sheldon Cooper. Em 2019, ele esteve em Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal - uma cinebiografia da Netflix a respeito do serial killer Ted Bundy. No suspense policial, Parsons interpreta o advogado de acusação Larry Simpson. E não para por aí.
Em 2020, Parsons apareceu em outro filme da Netflix, The Boys in the Band: Um Olhar Pessoal. Isto ocorreu depois que ele estrelou na versão da Broadway de 2018 ao lado dos atores Matt Bomer e Zachary Quinto, os quais também participaram dessa recente produção. A Variety divulgou que a "paixão atormentada que Jim Parsons traz consigo" é "o que faz o filme". Nada mal, não é?
Por fim, o que mais podemos esperar de Parsons? Bem, nem mesmo ele possui uma resposta concreta para essa questão. Em janeiro de 2019, ele declarou à Entertainment Weekly: "Não sei o que vem por aí para mim. Não é como se houvesse algo específico que eu pretenda fazer... De certa forma, é emocionante. Qual será o próximo capítulo da minha vida? Qual será o próximo capítulo para todos nós?".